Um quarto de 100! Ao futuro Eu



Prezado, Eu!

Amanhã, você completará 25 anos. É hora de conversarmos. Você, sendo eu, precisar saber o que aprendeu nesse quarto de século. Essa apresentação antecipada em nada vai mudar o seu aprendizado, eu sei. Mas adiantando o que sei talvez a surpresa do conhecimento não seja assim tão assustadora e, ambos sabemos que você não gosta de surpresas, que as teme como teme aranhas, insetos voadores, a solidão e a morte daqueles que ama. Também sei que você não gosta de ter medo, assim adianto a surpresa, tentando, ao pôr-la sob a luz, enfraquece-la (eu sei então nós sabemos que não podemos destruí-la completamente). 

Aos 25, você descobrirá que, mesmo não se dando conta, já é um adulto e que ser adulto não é tão ruim (ou importante) quanto você pensava aos 17. Ser adulto é seguir em frente, tropeçando, esbarrando, caindo e se levantando, em um frenesi quase delirante criado pela necessidade de movimento. Aos 25, você não deixará de ser ciumento, possessivo, inconformado, intolerante, mas começará a compreender que se policiar é o melhor caminho para evitar desgastes que você bem sabe como começam e como terminam. Aos 25, você finalmente irá se apaixonar e ser correspondido (sabemos o quanto você sonha/espera/planeja isso), mas o entendimento, como tudo na sua, nossa, vida chega devagar, bem depois, tímido e silencioso) e que o amor não é como nos filmes e livros que você tanto preza. No amor, a vida não imita a arte, mas ambas atuam sobre reflexos esfumaçados de cada uma. Você vai amar e sentir-se completo. Feliz, até. Quem diria? Você vai amar e se entregar, abrir o próprio tórax e, do interior escuro e úmido, retirar uma parte de si que nunca fora dividida. Você vai render-se as fantasias descabidas e não se envergonhará de assumir, na intimidade dos dois, que ama. Você também irá ouvir que é amado, mas, sendo quem é: nós, você não acreditará completamente. É mais forte do que você (nós) consegue acreditar.

Você verá o amor se dissolver lentamente e nada fará, não por preguiça ou inércia que são defeito seus (e nossos ainda), mas porque não há nada a ser feito realmente. Depois do fim, você será outra pessoa e reparará com tristeza a mudança dentro de si. Você se tornará frio, distante, temendo um contato, o amor, a promessa do infinito no tempo finito e reclamará (mais do que nunca) que não é amado. Você ouvirá (não posso prometer que não se machucará) que a culpa é sua por não procurar, abrir-se para a possibilidade e você saberá que seus amigos estão certos, mas a verdade, como sempre, machuca e magoa. Eu não poderia te preparar para essa surpresa. Tudo você, sempre você! Nós, sei lá que!

Mas não se preocupe, existirá felicidade no seu futuro, risadas, bons livros, novas pessoas e entendimento tardios. Para eles, você não precisa ser preparado e nem avisado. Eles chegarão e serão bem vindos, embora, de começo, você (eu, nós dois), não acreditem em tudo que irá acontecer. 

Eu poderia dizer que tudo será melhor, mas não sei. Talvez o meu futuro possa fazê-lo, mas ele ainda não me escreveu uma carta. Estou (estamos, nós dois) aguardando. 

Feliz Aniversário!

1 comentários:

{ Danni Barbosa } at: 2 de outubro de 2012 às 07:36 disse...

TEXTO MUITO BOM!!!!

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